quarta-feira, 18 de março de 2009

História do ContraBaixo :


O contrabaixo tem origens remotas já desde a Baixa Idade Média, período compreendido entre o Cisma Greco-Oriental (1054) e a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos (1453). É descendente de uma família chamada "violas", esta que se dividia em dois grupos, nomeadamente as violas de braço e violas de pernas. Actualmente, o contrabaixo é o maior herdeiro do segundo grupo. Novamente em relação ao segundo grupo, o contrabaixo é o instrumento de som mais grave.

Por volta de 1200, o nome gige era usado para destinar tanto a Rabeca, instrumento de origem árabe com formato parecido com o alaúde, como a guitar-fiddle (uma espécie de violão com o formato semelhante ao de um violino). No Sacro Império Romano Germânico, quase todos os instrumentos eram designados pelo nome de gige, existindo a gige pequena e a gige grande. A música executada neste período era bastante simples e as composições situavam-se dentro de um registo bastante limitado. No que diz respeito à harmonia, as partes restringiam-se a duas ou três vezes. Era muito comum os instrumentos e as vozes dobrarem as partes em uníssono.

Com o passar dos anos, o número de partes foi expandido até quatro.
Aproximadamente na 1ª metade do séc. XV, começou-se a usar o registo do baixo, este que nunca tinha sido examinado antes. Com esta nova tendência para os graves, os músicos precisavam de instrumentos especiais capazes de reproduzir ou fazer soar as partes graves. A solução encontrada pelos construtores de instrumentos, os luthiers, foi simplesmente reconstruir os instrumentos existentes, mas em escala maior. Ocorre então uma evolução técnica e artística de um instrumento em conjunto com a história da música. Assim, a evolução do número de partes da harmonia trouxe a necessidade de se criar outros instrumentos que desempenhassem satisfatoriamente aquela nova função.

O seu antepassado mais próximo foi o chamado violine, nome que atribuíam à viola contrabaixo no início do séc. XVII. O nome do contrabaixo separou-se do violine apenas na 2ª metade do séc. XVII pois foi nesta altura que começou a ter vida própria. Entretanto, até à 1ª metade do séc. XVIII, o instrumento não era utilizado em larga escala. Em 1730, por exemplo, a orquestra de J. S. Bach não tinha nenhum contrabaixo. Ainda faltava um longo caminho para a popularização deste instrumento.

Com o desenvolvimento da música popular no final do séc. XIX, principalmente no que dizia respeito ao jazz, iniciava-se assim a introdução do contrabaixo com uma inovação: ele não era tocado com arco mas sim e apenas com os dedos, a fim de ter uma marcação mais acentuada.

O jazz popularizou-se durante toda a primeira metade do séc. XX, altura em que o baixo só podia ser imaginado como um instrumento oco de madeira usado para bases de intermináveis solos de saxofone, se bem que era também usado no princípio do blues e do mambo (isto antes da 2º Guerra Mundial).

Em 1951, um norte-americano chamado Leo Fender criou um baixo tão eléctrico quanto a guitarra eléctrica, esta última também criada pelo mesmo. O primeiro modelo foi designado por Fender Precision. O nome não tinha sido escolhido por acaso: frente aos tradicionais contrabaixos, com o braço totalmente liso, o novo instrumento incorporava trastes, assim como as suas guitarras.

Apesar de parecer excêntrico, o detalhe dos trastes fez com que a afinação do baixo fosse muito mais precisa (foi esta a origem do nome). Mas a revolução fundamental que representou o baixo eléctrico frente ao contrabaixo foi a amplificação do som. Como a solução anterior foi aumentar a caixa de ressonância, transformando o violino num instrumento maior e com cordas muito mais grossas, desta vez a solução foi inserir uma pastilha electromagnética no corpo do instrumento para que o som pudesse ser captado. Além disso, a redução do tamanho do instrumento permitiu aos baixistas transportá-lo com mais comodidade (já podiam, por exemplo, viajar no mesmo avião dos outros músicos, transportando o seu próprio instrumento).

Mas nem tudo seria apenas vantagem, sobretudo para aqueles que tocavam baixo (mas não eram realmente "baixistas"). Até ao momento, o contrabaixo era o instrumento que todos acreditavam ser capazes de tocar, principalmente porque não se ouvia, de modo que representavam muitos mais em palco do que realmente tocavam o baixo. A amplificação serviu como que um meio de denúncia de quais eram os verdadeiros baixistas.

Deve-se dizer que antes de 1951, na década de 1930, houve arriscadas e valentes tentativas de se fazer o mesmo, principalmente por parte de Rickenbacker. Mas se mencionei o Precision de 1951 como o primeiro baixo eléctrico é porque foi o primeiro que se pôde considerar como tal, já que o anterior entraria na categoria de protótipos. Como é lógico, depois vieram outros modelos (como o Jazz Bass, também de Fender), as imitações, etc. Mas o mais interessante é que hoje em dia pode-se comprar um Precision com quase as mesmas características do modelo indicado anteriormente, pois a maioria dos baixos actuais baseiam-se no seu desenho.

Os músicos de jazz e blues, inicialmente, acharam a ideia interessante mas mantiveram-se no seu tradicionalismo. Somente vários anos depois é que o baixo eléctrico seria tão popular no jazz e no blues quanto o acústico. No caso do blues, ele surgiu assim que Muddy Waters introduziu a guitarra neste ritmo, ainda que o seu baixista, o mitológico Willie Dixon usasse um acústico. No caso do jazz, o baixo eléctrico só apareceu com Miles Davis.

Nos anos 60, o papel do baixista continuou a ser basicamente o mesmo do dos anos 50: um suporte harmónico de fundo. A partir de 1967, o baixo eléctrico começou a sobressair-se, fundamentalmente no rock'n roll. O melhor exemplo talvez seja o disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, dos Beatles. Aqui já podemos começar a falar de linhas de baixo de temas pop, tal como os conhecemos actualmente. É prova disto o Festival de Woodstock em 1969.

Os anos 70 apresentam a maturidade do baixo. Os produtores começavam a prestar mais atenção no potencial do instrumento e o contrabaixo assumiu uma importância maior, como no surgimento da disco music. Foi também fundamental o surgimento do rock progressivo, o jazz fusion, o latin rock, o heavy metal, o punk, o reggae, o funk e a soul music. O baixo acústico limitava-se apenas aos sectores mais tradicionais, como o jazz, blues e ritmos tipicamente latinos, mesmo já rivalizando com o eléctrico. E é claro, a popularização do fretless, o baixo eléctrico sem trastes.

O desenvolvimento da década de 80 apresenta a maturidade de alguns estilos musicais e o desaparecimento de outros. Percebe-se neste período que o baixo já não era imprescindível, e que podia ser facilmente trocado por um sintetizador. A expansão da dance music (pária da disco music) deixou de lado o contrabaixo, ainda que a sua linha continuasse presente, mesmo que sintetizada. Mas isto não aconteceu apenas com o baixo, mas também com a guitarra e a bateria, já que o sintetizador era o instrumento fetiche do início da década.

Felizmente para nós, esta tendência de trocar todos os instrumentos por um foi passageira. E os grupos voltaram, sejam eles de rock ou jazz. Tanto o baixo eléctrico quanto o acústico estavam novamente no palco. Nem todos estavam de acordo com a expansão dos sintetizadores, principalmente os produtores mais atentos e a revista Bass Player. O jazz começava a abrir um campo especificamente voltado para o contrabaixo eléctrico. E assim, o instrumento tinha-se desenvolvido com uma rapidez imensa tornando-se, no nosso quotidiano, um dos instrumentos musicais mais importantes da música moderna.

1 comentário:

  1. todos os instrumentos são importantes.. um contrabaixo, é importante tal como qualquer outro cordofone, ou aerofone, ou membranofone, ou ideofone, ou electrofone, ou instrumentos pós-electrofone (tipo instrumentos virtuais e coisas do género) peço desculpa pela terminologia pouco cuidada; ou mesmo como a voz, ou o pensamento, que são maneiras de intervir esteticamente na música..

    podias ter citado também marcas de contrabaixos eléctricos, como a ns design, a zeta, a fender, a yamaha, ou outras..

    de igual modo faltam aí cenas tipo nomes de músicos: ex - mark dresser, franco petracci, bottesini, dragonetti, e outros se quisermos recuar mais no tempo (peço desculpa pela minha ignorância mas conheço muito pouco a este nível)

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